quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Da importância de promover a «escrita virtual»

Apetece-me dizer que a própria expressão acaba por não fazer jus a um fenómeno que vive para lá desse plano.
Mas seja qual for a designação adoptada para nomear esta coisa nova, pelo menos no nosso país; que coloca gente a ler, a escrever e a encontrar-se em eventos, lançamentos, tertúlias, em fervilhante amadorismo, ela será sempre insuficiente para traduzir todas as ramificações que fazem o conceito.
Há certamente um lado emocional. Há com certeza uma rede social, mas é muito mais que isso, aquilo que faz a revolução no contexto da escrita feita em sites de internet.
Falo em termos da própria criatividade, do potencial enorme que pode resultar para o autor, em ser, primeiro que tudo lido, depois comentado, criticado, observado. Da enorme mudança de paradigma que é poder interagir com o leitor.
Damos ainda os primeiros passos na consciência de tal facto. Somos pioneiros de um tempo diferente nas relações, nas comunicações, alargando definitivamente o nexo de causalidade, que nos faz presentes apesar da distância, solidários com ideias, com movimentos, com grupos, estejam eles onde estiverem no mundo.
A ideia de uma pátria língua tal como a enunciou Pessoa, tem nos dias de hoje plena expressão e validade pelos pressupostos de proximidade com este mundo à distância de um clic, seja a própria realidade lusófona capaz de perceber os desafios de tal facto e cumprir-se, parafraseando ainda o autor.
Acredito que num futuro próximo, com as transformações tecnológicas que já ocorrem na forma como se lêem livros, acompanhando o boom da imagem, seja de alta definição ou 3D, o conceito de livro ou e.book, como queiram, e novos formatos surgidos, vão estar na ordem do dia.
A pergunta que muitas vezes me faço, é se seremos capazes, os que frequentamos estes espaços, de dinamizar para além deles, transferindo para o quotidiano uma série de iniciativas que urge arquitectar virtualmente e depois operacionalizar.
Se seremos capazes de abraçar, de sorrir, de amar, através da causa da literatura, da cultura, de forma tão generosa como o fazemos virtualmente.
Se o conseguirmos, teremos vencido uma etapa mais.

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